Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Pérola Monteiro dos Santos Quintiliano
Diretora de Assuntos da Área de Educação e Cultura - SISPESP
Celebrado em 25 de julho, esta data remonta a 1992, quando ocorreu o primeiro encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas em Santo Domingo, República Dominicana. O evento não apenas promoveu a união entre essas mulheres, mas também denunciou o racismo e machismo enfrentados por elas nas Américas e globalmente. Este encontro histórico levou a ONU a reconhecer oficialmente o dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
No Brasil, a data também homenageia Tereza de Benguela, conhecida como "Rainha Tereza", líder do Quilombo de Quariterê no século XVIII, no Vale do Guaporé (MT). Sob sua liderança, o quilombo abrigava mais de 100 pessoas, incluindo indígenas, e destacava-se pelo seu sistema de defesa e parlamento próprio. Tereza foi capturada e morta por soldados.
As mulheres negras enfrentam uma alta vulnerabilidade, sendo vítimas de violência em mais da metade dos casos de feminicídio. Esses números refletem o impacto do machismo e do sexismo na vida das mulheres negras, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2021, 62% das vítimas de feminicídio eram negras, enquanto que 70,7% das mortes violentas intencionais de mulheres eram de mulheres negras, destacando uma clara dimensão racial na violência.
Além de celebrar a resistência das mulheres negras, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha visa fortalecer sua emancipação e autonomia frente às lutas diárias contra a opressão de gênero e étnico-racial. A valorização da identidade negra e da cultura afro-brasileira é fundamental para promover visibilidade e respeito às mulheres negras, considerando a interseccionalidade de raça, classe e gênero.
A história do Brasil frequentemente negligencia as contribuições das mulheres negras, mas estas são essenciais para o país através de seu trabalho, força, luta, arte e conhecimento. Entre as figuras notáveis estão Teresa de Benguela, Antonieta de Barros, Aqualtune, TheodosinaRosário Ribeiro, Jurema Batista, Leci Brandão, Chiquinha Gonzaga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Maria Filipa, Luísa Mahin, Lélia Gonzalez, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Mãe Stella de Oxóssi e tantas outras.
A visibilidade da mulher negra pode ser promovida através de ações focadas no empoderamento feminino negro:
1. Rodas de Conversa: Promover debates sobre as vivências de raça e gênero, fortalecendo a autonomia e identidade das mulheres negras.
2. Mutirão: Participar de mobilizações e atividades organizadas por movimentos feministas e de mulheres negras para disseminar informações sobre direitos e serviços públicos.
3. Palestras: Convidar especialistas para abordar temas de interesse das mulheres negras e da comunidade.
4. Atividades lúdicas: Realizar atividades culturais como teatro, leitura de histórias afro-brasileiras, musicalização e capoeira para orientar crianças e adolescentes sobre a cultura negra.
5. Mostra de filmes: Exibir filmes que abordem questões raciais e de gênero seguidos de debates para promover a conscientização e a reflexão na comunidade.
Adaptação do texto: Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha 25 de Julho de 2017, publicado no site http://blog.mds.gov.br/redesuas/25-de-julho-dia-internacional-da-mulher-negra-latino-americana-e-caribenha/